
Antes de entendermos sobre relacionamento, precisamos entender, o que é o amor?
No dicionário, substantivo masculino que tem como significado uma “forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais” e “atração baseada no desejo sexual”.
Muitos apontam que o amor é igual um quebra cabeça, que cada um deve se completar, mas talvez ele seja mais parecido com fones de ouvido: cada parte funciona bem individualmente, mas é quando elas estão juntas que o som fica perfeito. E assim como todo fone, tem que cuidar bem para o fio não quebrar. Assim, o amor deixará de ser aquele “preciso de você” e se tornará o “escolho você”.
E mesmo assim, há quem diga que o amor dói, que ele machuca, que veio para nos abalar sentimentalmente e cognitivamente também mas talvez, devemos lembrar que não é essa a intenção do amor, ele não é um mar de rosas como muitos esperam de fato, igual aos filmes idealizados da Disney, das novelas; Onde precisa ter diversos acontecimentos ruins para no fim chegar no “grand finale”, que seria o amor perfeito e para sempre. O amor é real, é a união, a cumplicidade, o diálogo, a arte, o estar presente, e tendo tudo isso presente, não precisará passar pelo sofrimento, pelos joguinhos e esperar a união eterna, pois ela já estará implícita desde o primeiro momento que será saudável.
Então vamos lá: o que é uma relação saudável?
Um relacionamento saudável, de início, é aquele que buscará igualdade, que se modulará com o parceiro, oferecendo confiança, respeito, oportunidades, autonomia, atenção, zelo, carinho e liberdade. Um pássaro preso em uma gaiola, assim que tiver oportunidade de ir embora, ele irá fugir e possivelmente não voltará mais. Mas, o pássaro que sempre tiver a porta aberta, ele não “pensará” duas vezes, ele sempre vai querer voltar.
Devemos lembrar que todo relacionamento, assim como diversas outras coisas, não existem uma fórmula mágica, pois o que para uma pessoa pode ser bom para outra pode não ser, por isso a importância da busca por modelação comportamental entre os indivíduos e assim, cada um entendendo seus gostos e afins para buscarem o equilíbrio ideal sem tantas pressões.
Um dos grandes problemas que está afetando as relações, sejam elas parentais como amorosas, é devido a uma nova dinâmica desde os ambientes de lazer dos indivíduos, que são alterados constantemente. Bauman, em 2004, apontou que existem nos próprios lares relações de copresença, que seriam as pessoas de uma mesma família morando em uma mesma casa, mas vivendo “separadamente lado a lado”, o que impossibilita maiores trocas de intimidades e de experiências, ou seja, as pessoas estão deixando de se relacionar e passando a se conectar em outras coisas como celulares, computadores, televisões, etc; baseando-se no binômio conectar/desconectar. Nessa perspectiva, vê-se que os indivíduos estão cada vez fragilizados em seus laços sociais, já que se misturam e se condensam em momentos volúveis e frágeis. Em um mundo em constante dinâmica, velocidade, fluidez e líquida.
O contato via rede social está tomando o lugar entre as pessoas, deixando uma ausência no comprometimento e fazendo existir um mundo de incertezas com poucos vínculos, sendo estes cada vez mais substituídos por novos aparelhos eletrônicos, como forma de disfarçar o medo da solidão.
Sendo assim, como estruturar/atingir esse relacionamento saudável a partir de 8 passos?
1 – Tenha amor próprio.
Esse deve começar primeiro, pois será a partir dele que todos os outros serão possíveis. É pelo amor próprio que existirá aquele sentimento de dignidade, respeito e cuidado em si próprio, intensificando ainda mais a autoestima. Sendo assim, tendo a ideia de que ninguém será responsável pela sua felicidade, além de você mesmo, e isso será tão libertador que não existirá sobrecarga.
2- Estimule empatia.
Empatia é a capacidade psicológica para projetar/sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela, ou seja, é a capacidade de entender o outro e em colocar-se no lugar dele, legitimando e valorizando os sentimentos e crenças alheias, ainda que esta seja em discordância.
3 – Dialogue! Saiba ouvir e dizer o que sente de forma assertiva.
Tudo na vida pode ser resolvido com um bom diálogo, estruturado no saber ouvir e ser ouvido, sendo uma troca de ideias, experiências e aprendizados. Nenhum relacionamento é perfeito, assim como as pessoas também não são. Então saiba ouvir e reconhecer com atenção tudo aquilo que é dito e expressado.
Uma boa dica para ser assertivo (ser firme e direto sem sentir ou causar constrangimento) é utilizar o “método sanduíche”, que seria estruturalmente feito pelo pão, recheio e pão, ou seja, seria começar pelo primeiro pão as expressões positivas, expor tudo aquilo de bom que você enxerga naquela pessoa. Logo depois, para formar o recheio, seria colocado o ponto negativo que lhe incomoda, sempre de forma calma. E por fim, para fechar o sanduíche, coloca-se o outro pão, que seria uma nova expressão positiva, reafirmando o quanto espera algum processo de mudança devido a algo bom que você vê naquela pessoa. Isso demonstrará segurança na sua fala e fará com que a pessoa “abra” os seus canais auditivos para lhe ouvir melhor, pois você começou e finalizou com algo positivo.
4- Sorria, sempre que puder.
Existem diversos estudos que comprovam quanto um sorriso é capaz de reduzir a pressão arterial, aumentar a longevidade, aumenta o colesterol bom (HDL), reduz o nível de estresse devido a uma maior produção de endorfina (neurotransmissor que atua nos estados de humor), entre outros.
Rir é contagioso, e a risada ativa uma região cerebral, conhecida como córtex pré-motor (área que prepara os músculos faciais para realizarem movimentos em resposta ao som). Isso ocorre devido existir os chamados neurônios de espelho, que propicia uma imitação das ações e permitem a compreensão da experiência vivida pelo indivíduo observado, uma vez que ao ver uma pessoa sorrindo, nosso cérebro reconhece a fisionomia e acaba gerando essa imitação de forma inconsciente e automática.
5- Tenha paciência
Lembre-se que nenhuma pessoa é igual a outra, e saber entender e tolerar o tempo e espaço da outra pessoa que além de saudável para ambos, é uma virtude. A paciência proporcionará não só um clima melhor, como ensinará a ter um maior bem-estar próprio.
6- Saiba perdoar
Todos erram, e se nenhum desses tópicos anteriores se efetuarem de forma positiva, lembre-se que tudo tem seu momento certo para acontecer. Saber perdoar é fundamental para ter um relacionamento duradouro e saudável. Em toda relação, é preciso saber ceder e reconhecer. Praticar o perdão será muito mais libertador do seu passado do que uma simples mudança de atitude. Seja mais flexível, busque também agradar e não queira que apenas suas vontades sejam atendidas.
7- Reconheça o silencio e dê tempo do outro
Muitas vezes não suportamos a ideia de que o outro deixe de dar notícias e demonstrar que está tudo bem, queremos logo definir tudo para não correr o risco de perder a pessoa, mas muitas vezes esquecemos que o tempo que você da é muito mais produtivo cognitivamente falando o que de fato contrário imaginamos. Com ânimos alterados, dificilmente alguma das pessoas conseguirá se expressar assertivamente com 100% de controle sobre os seus pensamentos e emoções.
8- Apoie e valorize até o fim.
Amar alguém é também dar apoio e incentivo às suas conquistas. Um relacionamento por ser a dois, já exige muito cognitivamente e socialmente das pessoas, então demonstre que está lá pela pessoa, que mesmo que ela não queira falar, o fato de saber que está junto, já demonstra um sinal de carinho e apoio, sendo essencial para construir uma relação duradoura. Fale todos os dias, se possível, o quanto ama e valoriza a pessoa que gosta, demonstre interesse, pergunte como foi o dia, enalteça suas qualidades, porque defeitos todo mundo aponta e por fim, se apoiem nas escolhas.
Se você se identificou com alguma questão supracitada acima, procure ajuda. O primeiro grande passo para a cura é reconhecer a necessidade de um tratamento. Um psicólogo pode ajudá-lo a compreender os gatilhos que levam a determinados pensamentos, emoções, comportamentos e assim, vencer da melhor forma possível e humanizada.