Transtornos Alimentares

Os Transtornos Alimentares são caracterizados por perturbações no comportamento alimentar, podendo levar ao emagrecimento extremo, a obesidade ou demais problemas físicos. Eles estão relacionados à uma série de consequências psicológicas como ansiedade e pressões sociais para o chamado “corpo perfeito”.

Causas:

Existem diversos fatores, entre eles:

Sociais: pressão cultural por manter-se magro e ter que atender a padrões estéticos e com maus hábitos alimentares; “Industrias de dieta” (forçam a cortar determinados alimentos, empurrar quais calorias corretas);

Psicológicos: Distorção da imagem corporal, sentimento de culpa, vergonha e angústia;

Biológicos: Questões hormonais (serotonina), que afetam o apetite bem como o humor, por exemplo, em mulheres com anorexia, o não comer é que desencadeia a melhora do humor e do bem estar; mudanças físicas da adolescência.

Questões Históricas:

Os transtornos alimentares existem desde sempre. Existem estudos que mostram entre os séculos V e XVI, que temos as primeiras descrições das chamadas jovens jejuadoras, por serem consideradas santas, devido conseguirem sobreviver ao estado de inanição prolongada. Na Itália do século XIV, existiu a anorexia santa como reação às imposições da época, os casamentos arranjados.

Porque sempre achamos que devemos perder um quilo? Não existe uma dieta ideal para todo mundo. A primeira “dieta” do mundo foi em 1863. Porém, a dieta provoca uma série de fatores neurológicos, e mesmo que prejudiciais as pessoas continuam pela expectativa (esperança) para ser magro e saudável, apesar de que para isso, somente por meio de uma rotina. Em quase todo o mundo, beleza significa ser magro. Sendo que as taxas de obesidade no mundo dispararam, principalmente nos Estados Unidos da América (EUA).

O que muda, não é a patologia, e sim nosso olhar sobre ela. Por isso, vivemos em uma época visual, em um mundo repleto de imagens, com informações diversas que são enviadas ao nosso cérebro a todos os instantes. Todo o aparato tecnológico busca convocar as pessoas a participarem da vida alheia, devendo estas estarem dentro de contextos sociais. Muitas vezes, tudo aquilo que se vê nas redes passa a ser uma moldura daquilo que verdadeiramente é, construindo a identidade a partir do olhar do outro e das “boas” ações que se faz pelo mundo, mesmo que não seja o que a própria pessoa goste, pois entende-se que se deve gostar do que os demais preferem para se inserir na sociedade atual. Os padrões apresentados constantemente na televisão, revistas, tendem a serem reproduzidos na vida real, gerando em muitos uma busca para ter os mesmos padrões estéticos. Isso pode causar distorções em relação à própria imagem, levando a transtornos alimentares, como anorexia, bulimia, transtorno obsessivo compulsivo por alimentos, entre outros.

Sintomas:

Dentre os sintomas, podemos destacar:

Anorexia Nervosa; Bulimia Nervosa; Transtorno de Compulsão Alimentar; Hipergafia; Ortorexia; Síndrome de Pica (alotriofagia); Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP); Vigorexia.

Como a Terapia Cognitivo Comportamental pode contribuir?

A Terapia Cognitivo Comportamental tem como intuito o tratar e entender a relação que os indivíduos tem com a comida já que a maioria das refeições não são por fome e sim por questões emocionais, para assim se esquivar de alguma determinada situação sendo necessário restaurar o comportamento alimentar adequado, e restabelecer o peso considerado normal para a idade e altura do indivíduo.

Judith Beck, em 2007, traz a ideia de que devemos “deixar de pensar gordo e passar a pensar magro”. Ou seja, existem pensamentos sabotadores desadaptativo que provocam um aumento de emoções negativas e assim comportamentos desagradáveis como forma de compensar algo negativo. Assim, os pensamentos gordos, seriam aqueles de confundir fome com gula, como exemplo, mal acaba o almoço e se pensa no jantar ou “afoga” a magoa no doce.

Quais os tipos de distorções?

• Desqualificação do Positivo – Eu fiz meu regime todo legal essa semana, mas estraguei comendo aquele hamburguer;

• Minimização e Maximização – Não adianta ter olhos bonitos se minhas pernas são gordas;

• Hipergeneralização – Comi um biscoito, não consigo me controlar;

• Imperativos (tenho que) – Tenho que emagrecer agora para ficar bonita;

• Personalização – A culpa é toda minha por me engordar e a minha namorada;

• Questionalização – E se eu tivesse comido aquela salada antes, estaria melhor?

• Vitimização – Ninguém entende que como para me sentir melhor;

• Catastrofização – Engordei, nunca vou parar de engordar;

• Dicotômico – Ou eu me controlo completamente, ou fico totalmente descontrolada e não paro de comer;

• Raciocínio Emocional – Se estou sentindo que meu corpo não está bem, é porque ele não está;

• Leitura Mental – Aquela mulher está me olhando, deve estar pensando no quanto sou gorda;

• Rotulação – Sou gordo e feio;

• Previsão de Futuro – Não vou conseguir comer como planejei hoje.

Reação Neurológica:

Porque dietas não funcionam? As dietas não funcionam porque ocorre uma baixa na Leptina, que é o hormônio da saciedade e isso diminui o metabolismo, o que faz a queimada de energia.

Devido isso, é importante destacar que existe, no cérebro, uma área responsável pelo prazer. O prazer, que sentimos ao comer, fazer sexo ou ao expor o corpo ao calor do sol, esse hormônio é integrado numa área cerebral chamada sistema de recompensa que é relevante para a sobrevivência da espécie. Pois assim como os animais sentiam prazer na atividade sexual, a tendência era repeti-la, o ser humano busca através de alimentos por meio desse mecanismo psicológico e assim evitar o desprazer, e fruto das alterações cerebrais.

Dietas mais comuns

Dieta Cetogênica (Comer absolutamente todos os outros tipos de comida que não tenham carboidrato);

Dieta Atkins (Cortar carboidratos totalmente e preferir proteínas);

Dieta Paleolítica (Jejum prolongado, consumo apenas de carne, frutos e sementes, no estilo homem das cavernas);

Dieta do Tipo sanguíneo (Alimentação específica de acordo com o seu tipo sanguíneo devido as características do sangue influenciarem no metabolismo de determinados alimentos);

Dieta do tipo Detox (eliminação dos alimentos ricos em toxinas, sendo consumidos apenas produtos naturais, como frutas frescas, secas sem açúcar, verduras e legumes orgânico);

LowFat (baixa gordura, deixando que apenas a alimentação seja feita por carboidratos e proteínas).

Classificação dos Transtornos Alimentares:

Anorexia

Caracteriza-se pela busca incansável da forma ideal corpórea e de seu peso, apresentando magreza por ser uma conquista e autodisciplina, medo mórbido da obesidade, havendo um aumento dessa preocupação à medida que o peso real diminui, sendo comum se medir e pesarem com frequência. Em caso de mulheres, ocorre inibição do ciclo menstrual; Descamação e pele seca; Hipotermia; Anemia.

Bulimia:

O Bulímico é caracterizado por apresentar episódios recorrentes de compulsão alimentar seguidos por alguma reação de comportamento compensatório de purgação, geralmente em segredo devido apresentarem vergonha em seus comportamentos, como exemplo, uso de laxantes ou diuréticos, vômitos induzidos, jejuns e prática excessiva de exercícios. Seu diferencial com relação a anorexia em geral, conseguem manter o peso considerado normal pelo Índice de Massa Corporal (IMC). Entretanto, apresentam alguns sintomas devido à pratica que ocasiona uma série de problemas nas glândulas salivares; assim como erosão do esmalte dentário devido ao ácido vindo do estômago ocasionado dos vômitos; irritações intestinais devido ao abuso de laxante, entre outros.

Transtorno de Compulsão Alimentar

A compulsão por serem comportamentos repetitivos, ela na questão alimentar pode ser vista em indivíduos que perdem o controle sobre o consumo de alimentos, acarretando em grandes quantidades. Ao contrário dos anteriormente citados, o transtorno compulsivo, não busca por comportamentos compensatórios, como por exemplo, vômitos autoinduzidos ou exercício físico excessivo. Por isso, muitas vezes, é comum terem sobrepeso, ocorrendo maiores riscos de desencadear doenças cardiovasculares e pressão arterial elevada.

Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP)

O paciente com TCAP consome alimentos em grandes quantidades em um período de tempo determinado (entre 2 horas), acarretando a falta de controle sobre o que e quanto comeu, sobrepeso, colesterol alto e come rapidamente. Esse transtorno é bastante comum em pessoas que fazem cirurgia bariátrica.

Ortorexia

Está relacionada com a obsessão por alimentos saudáveis e nutritivos de forma exagerada. O ponto negativo, é que o paciente apenas realiza alimentos desse tipo, deixando de consumir outros tipos de alimentos importantíssimos para o organismo. Causando assim, riscos de recaída, por excluírem alimentos que são ricos em gorduras boas para o organismo; e tem uma vida social conturbada/isolada, pois muitas vezes buscam comer algo que tenha sido exclusivamente preparado em casa, por ser mais “garantido”.

Picafagia

É a ingestão persistente de material não nutritivo e não alimentar, como por exemplo, areia, batom, tijolo, sabão, etc. Provocando intoxicação, prejuízos físicos e mentais,

Vigorexia

A vigorexia é caracterizada pelo excesso de exercício físico além do costume devido distorção de sua imagem, sendo comum em pessoas do sexo masculino. Isso ocorre, pois o indivíduo se enxerga mais fraco do que realmente é, buscando compulsivamente pelo aumento da massa corpórea, sendo por meio de intensos exercícios ou de métodos mais extremos como dietas rigorosas, cirurgias e abuso de esteroides.

Ruminação

Caracteriza-se pela repetida regurgitação e remastigação de alimentos. Isso ocorre, devido ao alimento ser expulso sem náusea, esforço para vomitar, facilitando a mastigação e engolimento alimento.

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