
A obesidade é um fenômeno multifatorial, que segundo o número do Índice de massa corporal (IMC), para ser considerada obesidade grave e um dos primeiros pré-requisitos para a cirurgia bariátrica, seu cálculo referente a altura e peso de uma pessoa, deve ser maior do que 40. Sendo assim, seu diagnóstico deve obedecer às diretrizes de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Isso acontece devido existir um maior entendimento sobre a imagem corporal dos indivíduos com relação ao mundo. Ou seja, a nossa autoimagem, a imagem corporal, são redirecionadas de acordo com nossas relações socioculturais e isso provoca muitas vezes não só um sofrimento psíquico e físico como uma constante busca pelo corpo ideal, desrespeitando, a diversidade subjetiva de cada um.
Sendo assim, para verificar todos os aspectos físicos e psicológico, é necessária uma equipe multiprofissional, composta por médicos(as), psicólogos(as), fisioterapeutas, nutricionistas, dentre outros para avaliação, pré e pós operatório. Além disso, é preciso de um acompanhamento do tratamento ambulatorial.
A partir disso, destacarei o papel do psicólogo, para explicar a sua tamanha importância nesse processo de grande escala, pois será a partir desse profissional que será avaliada as condições emocionais, comportamentais, psíquicas, alimentares e sociais (relações, compulsões, uso de substancias, etc.) desse indivíduo. Por isso, é necessária à sua presença desde o pré-operatório para oferecer segurança emocional e educacional sobre o que se esperar/saber sobre a cirurgia e em seu pós operatório por se tornar uma nova fase, principalmente devido o início que por um mês o (a) paciente deverá se alimentar apenas com uma dieta líquida. Será a partir desse momento que precisar de auxilio mais intenso sobre o processo de emagrecimento, insegurança, tipos de fome, novos estilos de vida, mudança na autoimagem, ansiedade e mudanças de humor, além de possíveis outros transtornos que podem surgir caso não seja feito de forma correta.
Entretanto, além disso tudo, é necessário estar o paciente estar ciente dos critérios de não indicação a cirurgia bariátrica seguindo a portaria nº 492, de 31 de agosto de 2007, os quais seriam: Não poder ter transtorno psicótico, tentativa previa de suicídio, presença de bulimia, dependência de álcool e outras drogas, doenças associadas que aumentam o risco cirúrgico, desajuste familiar impeditivo, e idade menor que 16 e maior do que 65 anos.
Além disso, é necessário entender todas as questões que envolvem o procedimento e o tratamento completo, como: Os tipos de benefícios esperados; quais serão as suas responsabilidades; como funcionam e para que servem todos os exames necessários; todas as consequências emocionais, sociais e físicas envolvidas; quais serão os procedimentos realizados a longo prazo; caso seja necessário, que ele precisará de um tratamento psicológico prévio; as possíveis complicações e riscos envolvidos no procedimento.
De acordo com isso, é importante o processo de avaliação psicológica, no qual inclui entrevista, conversa, testes psicológicos e outros questionários. Pois, já pensou fazer todo o processo cirúrgico e depois se arrepender por ter sentido que não seria uma boa escolha? As vezes não nos sentimos preparados quando o momento está chegando e passa-se um turbilhão de coisas em nossa mente tentando mostrar o quanto de coisa ruim pode acontecer. Então será por meio da terapia que pode ser melhorado e reajustado todos os pensamentos negativos e disfuncionais. Por meio disso, serão necessário encontros semanais, de acordo com a necessidade do paciente ou entendimento do psicólogo (a), visando identificar sua historia de vida, rotinas, padrões alimentares, comportamentos costumeiros, relações sociais e familiares, para então, ser possível realizar um laudo afirmando que você está apto para a cirurgia bariátrica.
Pois, é por meio do laudo que se formará um documento atestando sua condição, sob o ponto de vista psicológico para servir de pré-requisito da aprovação da cirurgia assim como prevenir e promover saúde, evitando possíveis riscos.
Deve-se fazer Avaliação com Cirurgião bariátrico, Cardiologista, Endocrinologista, Pneumologista, Anestesista, Nutricionaista, Psicologo, Fisioterapeuta. Além deles, existem exames de pré-operatório e laborais que devem ser realizados, como o primeiro: Doppler arterial e venoso de membros inferiores; USG – Ultrassonografia de abdome total; EDA – Endoscopia Digestiva Alta com pesquisa de H. pylori; RX Tórax PA e perfil; Eletrocardiograma; Ecocardiograma com Doppler colorido; Polissonografia; Prova de função pulmonar com teste broncodilatador. Já o segundo, seriam: Hemograma; Triglicérides; Glicemia, HbA1c; Ferro, Ferritina; TSH, T4 livre; TGO, TGP, FA, Gama GT; Ureia, creatinina; Vitamina B12, Hidroxi D25; Ácido úrico, ácido fólico; HIV; Urina I e Urocultura; Bilirrubinas totais e frações; Sorologia para hematite B e C; Proteínas totais e frações; Beta HCG (para mulheres); Colesterol Total e frações; Coagulograma; Zinco, Magnésio.
A cirurgia Bariátrica, possui riscos assim como qualquer outra cirurgia, apesar de ser baixo o índice de morte, entre 3% e 5%. Apesar de que segundo a revista científica “Nature”, existe uma parte do estômago que fica inutilizada após a cirurgia com abordagem “by-pass”, possibilitando desenvolvimento de câncer em longo prazo por problemas inflamatórios. Apesar disso, o Brasil é o segundo país que mais realiza cirurgias bariátricas.
Além disso, um dos grandes erros após o procedimento que ocorre, é a ausência dos pacientes nos consultórios médicos e psicológicos, devido o paciente já estar se sentindo “bem”, podendo ocasionar sérios riscos psicológicos e nutricionais, assim como novas doenças, como formigamentos nos pés e nas mãos a anemia, osteoporose e falhas de memória.